
É cada vez mais comum acordar com o celular na mão e adormecer olhando para uma tela. Em um mundo onde tudo está ao alcance de um clique, muitos cristãos têm sido levados, muitas vezes sem perceber, a substituir momentos com Deus por horas intermináveis em redes sociais, séries, jogos e aplicativos. A tecnologia em si não é o problema — ela é uma ferramenta poderosa, que pode até mesmo ser usada para espalhar o Evangelho e fortalecer a comunhão. O desafio está em quando essa ferramenta começa a ocupar o espaço que pertence ao Senhor.
Jesus disse: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça” (Mateus 6:33), mas será que é isso que estamos priorizando no nosso dia a dia? Ou será que a primeira coisa que buscamos ao acordar é a notificação do Instagram, o feed do TikTok ou as últimas mensagens do WhatsApp? Quando o tempo que dedicamos a conteúdos digitais supera, de forma constante, o tempo que passamos em oração, leitura da Bíblia ou em comunhão com outros irmãos, é necessário fazer uma pausa e refletir: o que está dominando meu coração?
O apóstolo Paulo nos lembra em 1 Coríntios 6:12 que “todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm; todas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas”. O problema, portanto, não está em usar a tecnologia, mas em ser controlado por ela. O vício digital, assim como qualquer outro, escraviza e tira a liberdade que Cristo nos conquistou. Muitos já não conseguem ficar cinco minutos em silêncio, refletindo, orando, ou ouvindo a voz de Deus, porque o hábito de estar sempre conectado se tornou uma necessidade emocional, um refúgio para o tédio, a ansiedade ou a solidão.
Como cristãos, somos chamados a viver com propósito, conscientes do tempo que nos foi dado. Efésios 5:15-16 aconselha: “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus”. Remir o tempo significa aproveitar bem cada momento, inclusive o digital, e isso começa com escolhas diárias: desligar o celular durante o devocional, estabelecer horários sem tela, priorizar conversas reais, jejuar das redes por um período e, sobretudo, examinar o coração com sinceridade diante de Deus.
A tecnologia pode ser uma bênção, mas só será verdadeiramente útil quando colocada no seu devido lugar. Não permita que ela ocupe o trono que pertence a Deus. Avalie sua rotina, peça discernimento e, se necessário, recomece. O Senhor está sempre disposto a nos ajudar a reorganizar nossa vida, quando nosso desejo é viver de forma que O agrade.